Mantova, a Avalon italiana
Quem já leu o sucesso de Marion Zimmer Bradley, “As Brumas de Avalon”, vai lembrar de uma imagem de uma terra encantada, misteriosa, envolta na cerração, em meio a lagos e impossível de atingir sem o uso da magia. Pois quando conheci Mantova (Mântua), na Lombardia, norte da Itália, descobri que essa terra existe.
A nebbia
Na chegada, a cidade “surge” em meio à nebbia, névoa característica da região, e nos surpreende pela beleza dos espelhos d’água que a circundam. Um castelo soturno, cercado por fossos ainda cheios de água parada, ajuda a compor a atmosfera mágica da época medieval a que se refere o livro.
Conhecer Mantova no verão é totalmente diferente de visitá-la no inverno. Uma vez fui até lá num mês de novembro. Tão gelado e com um nevoeiro tão grosso e baixo, que não consegui encontrar a entrada da cidade. Era impossível enxergar os cartazes indicativos na estrada.
Nossa ida agora foi em pleno verão, com calor e sol resplandecente.
A cidade não faz parte do roteiro do turismo de massa, como Roma e Veneza. Fica até vazia nessa época. Como já disse no post sobre Roma, os moradores das cidades costumam ir para as praias no verão. Com essas condições propícias, o visitante consegue admirar com toda a calma os monumentos e igrejas. Dá até pra fazer imagens incríveis do castelo sem estar cercado de turistas.
Arte e história
Mantova é a pátria do poeta Virgílio, autor da “Eneida”, saga do herói troiano Enéas, filho da deusa Afrodite (Vênus). Virgílio também é o guia do poeta Dante Alighieri em sua visita aos círculos do Inferno, na obra-prima da língua italiana “Divina Comédia”.
A cidade foi fundada na época dos etruscos, mas viveu seu auge a partir do século XIV, quando a família Gonzaga se estabeleceu como mandante na região. Vários monumentos construídos na época estão ainda em perfeito estado. Alguns podem ser admirados, como o Palazzo dei Gonzaga e o Palazzo del Te, um pouco fora da cidade.
O passeio em Mantova pode ser feito em um dia. É uma cidade relativamente pequena, menos de 50.000 habitantes, e tudo pode ser alcançado a pé. As igrejas são visita obrigatória, principalmente a de Santo André. Lá se acredita que esteja uma relíquia do sangue de Cristo, recolhido por San Longino (que por aqui é conhecido como São Longuinho, o tal dos três pulinhos). Outra importante é a igreja românica de São Lourenço, cuja construção começou no século XI. É essa redonda atrás do lindo casal…
Não deixe de ver o por do sol à beira dos lagos. É perfeito para fotos.
Uma outra dica é a especialidade da província, o tortelli di zucca (abóbora). Veja a receita aqui. A culinária mantovana também conta com risotos e carnes, principalmente de porco, de um tipo que não temos aqui, como o cotecchino, perna de porco recheada. Um tanto pesado, mas não vamos esquecer que lá faz frio durante grande parte do ano, e uma comida mais gordurosa ajuda a aquecer o corpo.
Mantova é famosa também pela cultura, obras de arte e museus. Vale a pena desfrutar dessa cidade quase desconhecida dos brasileiros.
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Querida amiga sou franciscano desde criança e já tive a oportunidade de estar em Assis e sentir grandes emoções. Com a graça de Deus no próximo mês de novembro eu e minha esposa estaremos novamente na Itália e com certeza iremos em Assis. Temos em comum o nascimento de nossas filhas onde tivemos a graça da interseção de São Francisco e Santa Clara. E o nome da nossa filha é Clara. Tenho outro filho que se chama Filipe Francisco. Parabéns vc nos faz bem.
Que lindo depoimento! Nosso coração fica alimentado de amor quando pisa naquela terra sagrada! Obrigada pelo comentário e espero você sempre aqui comigo no blog.
Conheci Mantova em julho de 2015, quando íamos de Firenze para Veneza, sem planejamento algum e abrindo mão de alguns destinos mais famosos, como Verona
, que acabou ficando de fora. O motivador da decisão foi o fato de Mantova ser a cidade natal de minha bisavó materna, o que despertou em mim um especial interesse em saber do que ela e a família abriram mão para se aventurar em terras tão distantes. Amei a cidade e arrisco a dizer que seja um dos locais mais organizados e limpos da Itália (com todo respeito, pois acabo de voltar de Catania na Sicília, que apesar de toda a história e charme do lugar, não parece fazer parte da mesma Itália onde Mantova se encontra). Seu relato me fez ter vontade de ir novamente, com mais tempo, a fim de entender e explorar melhor minhas raízes… Valeu!
Realmente, apesar de Mantova não fazer parte do circuito turístico mais conhecido, é uma joia rara. Tive a sorte de conhecer a cidade quando morei lá, há vinte anos. Ao voltar, vejo que sempre vai valer a pena reservar um tempinho para desfrutá-la. Obrigada pelo comentário, Letícia, e bom retorno a Mantova!