Fazendas de café revivem o passado glorioso
Um passeio memorável
No ano passado, combinei com meus pais que passaríamos juntos alguns dias em Vassouras, cidade do Vale do Paraíba conhecida por suas fazendas de café. Sempre tive o sonho de ver algumas dessas fazendas, retrato do poderio dos barões do café.
Como a maioria já sabe, eu nasci no Rio de Janeiro, mas moro em São Paulo há vinte e cinco anos. Minha família continua toda lá no Rio. Então, eu e meus pais descobrimos um programa que é agradável para os dois lados: pelo menos uma vez por ano, vamos a algum lugar próximo à divisa dos estados para passar um fim de semana juntos.
Estive rapidamente na cidade de Vassouras quando fiz a reportagem para o Fantástico sobre o desmantelamento do nosso patrimônio histórico e arquitetônico. Outro lugar que visitei, Paranapiacaba, você já viu aqui no blog. Se ainda não viu, pode clicar aqui para ler o post.
Onde ficar?
Pesquisei na internet as opções de hospedagem para mim, meu esposo e meus pais. Havia várias pousadas na cidade de Vassouras, mas eu queria algo diferente. Até que encontrei uma casa com dois quartos, situada no terreno de uma fazenda, a Cachoeira Grande, uma das mais importantes da região. Reservei e lá fomos nós!
A estrada
Subindo a montanha, cheia de curvas, muita Mata Atlântica e cachoeiras.
Assim é a estradinha que leva da via Dutra até Vassouras. Um pouco de paciência com o trajeto – um tanto perigoso e em mão dupla – e chegamos. Na entrada, um lindo sino antes de um portão de ferro enorme.
Fazenda Cachoeira Grande
O proprietário mais famoso foi justamente aquele que viria a ser o Barão de Vassouras: Francisco José Teixeira Leite, um plantador de café, casou-se aos 24 anos com a prima, D. Maria Esméria Leite Ribeiro, e recebeu como dote a Fazenda da Cachoeira Grande. Este foi o princípio da imensa fortuna do futuro Barão. Francisco reformou a velha casa, dando-lhe o formato de um “T”.
Em 1850, quando enviuvou de D. Maria, possuía em sua fazenda 250.000 pés de café, mantidos por 147 escravos e 15 crianças. Um ano depois, Francisco casou-se de novo com D. Ana Alexandrina Teixeira Leite, uma bonita “barramansense” (nascida em Barra Mansa, RJ) trinta anos mais nova. Fixou residência na próspera Vila de Vassouras, passando a usar a fazenda apenas nos fins de semana.
Francisco chegou a ter grande fortuna e usou-a em benefício de Vassouras. Foi Presidente da Câmara por mais de uma vez. Dotou a vila de inúmeros melhoramentos e foi o maior incentivador do transporte ferroviário em Vassouras, que foi elevada à condição de cidade em 1857. Mantinha negócios com quase duzentos comerciantes, sendo famoso pela probidade e honradez – coisa rara nos dias de hoje… Por seus méritos, foi elevado por D. Pedro II em 1871 à condição de Barão de Vassouras, ampliado três anos depois a Barão com Grandeza de Vassouras. (fonte: site Cachoeira Grande)
Nosso recanto
O filho da atual proprietária veio nos receber e encaminhar para nossa casinha, à beira de uma represa.
Confortável e graciosa, sem internet, sem sinal de celular. Nenhum barulho por perto, perfeita para ouvir os sapos e pássaros. E foi isso que fizemos. Na primeira noite, passamos horas na varanda, vendo os vagalumes, ouvindo os sapinhos, barulhos da mata, sob as estrelas mais brilhantes que já vi. Como a fazenda fica afastada da cidade, pudemos ver toda a via Láctea sem a interferência das luzes urbanas. Não resisti: saí para um passeio à luz do luar. Usando galochas, é claro, para me proteger de eventuais ataques de cobras ou outros animais. O mais incrível: não sei se é assim o ano inteiro, mas em pleno verão não sofremos nenhuma picada de mosquitos ou pernilongos!
Visita à Casa Grande
A proprietária, Núbia Vergara, junto com o marido, nos recebeu para um tour na casa grande, cuidadosamente mobiliada com itens de época, que ela pessoalmente procurou para recompor um ambiente adequado à majestade da construção.
Destaque para as cômodas…
A enorme sala de jantar
E o aconchego da sala da lareira. Do lado de fora, um dia lindo favorecia a beleza da fachada, pródiga em janelas.
Visita à Fazenda Mulungu Vermelho
Aproveitamos para conhecer outra fazenda da região, cuja proprietária permite aos visitantes desfrutar de uma tarde agradável, revivendo a época do café.
A arquitetura é um pouco diversa da Cachoeira Grande, mas também de grande beleza.
Um local interessante é a antiga senzala, transformada em local de eventos, onde foi servido um café com comidinhas de fazenda, incluído na visita.
E este móvel com objetos de chá, uma das minhas paixões, como vocês podem ver neste post aqui.
Um passeio para não esquecer
Com certeza, haverá dificuldades em manter crianças e adolescentes num lugar sem internet ou atividades específicas para a idade. Mas para mim, meu marido e meus pais, foi um fim de semana inesquecível, que proporcionou tranquilidade e cultura, além do convívio em família. Experimente algo assim com seus pais. Aproveite!
(11) 99795-9819 Carlos Monnerat - horário comercial
É um lugar belíssimo! É um lugar pra sonhar e desfrutar o sossego. Parabéns! O lugar é magnânimo!
Eu fiquei encantada com tanta coisa linda que existe ainda desconhecida da maioria… Muito obrigada, Sandro, pelo elogio!
Que passeio maravilhoso querida Carla vilhena, lugar sensacional
Obrigada, Gilbert, fico feliz que você gostou!
Oi Carla, realmente para descansar e renovar nossas energias só assim mesmo, longe de tudo para nos conectar com a natureza que é nossa essência. Ficar um pouco longe da tecnologia não faz mal a ninguém, precisamos dar mais atenção ao que está ao nosso redor sem duvida.Poder reviver esses momentos é maravilhoso, e quem não sabe o que é isso, essa é uma grande oportunidade para conhecer.
Grande abraço, adoro suas matérias no blog e nas redes!
Fábio, eu senti exatamente isso, um relaxamento impossível de conseguir nos dias de hoje. Espero repetir em breve.
Espetacular este lugar !!!
É lindo e infelizmente pouco conhecido, Claudio. Precisamos ter formas de valorizar nossa história.
Nossa Carla, acho que o tempo passou rápido demais pra todos, e a evolução e o progresso, mais veloz que nossos pensamentos e nossos desejos, nos afastaram de coisas maravilhosas como essa. Que bom que você teve a graça de compartilhar conosco!
Roberto, eu só lamento o tanto de patrimônio histórico e arquitetônico que acabamos perdendo pelo descaso de governos sucessivos e da própria sociedade. Poderíamos ter hoje muito mais da nossa história viva.
O melhor é que vc curtiu com as pessoas mais importantes do mundo; seus pais e marido. Parabéns pelo tom da narrativa, senti-me no local.
Paulo Gaefke
Sim, Paulo, isso foi o maior diferencial. Tenho certeza de que para eles também foi inesquecível.
Que lugar lindo. Cheio de história e de natureza. Ótima escolha!
Muito obrigada, Alexandre, vale a pena mesmo visitar!
Gostei do que li, das fotos e de ficar a saber que para além de ser bonita, você é feliz. Continue assim nos próximos cinquenta. Parabéns
Armindo, que bom que você captou a essência do blog. Continue seguindo. Um abraço!
Lugar super interessante e aconchegante! Bela opção de descanso.
Olá Carla, tudo bem?
Que matéria maravilhosa.
Tomei conhecimento do seu site somente hoje.
Parabéns pelo trabalho, material apresentado e a qualidade.
Irei acompanhar sempre.
Abraço
Denis
Obrigada, Denis, e no seu aniversário você se lembrará de mim!
Carla, conheci seu blog hoje. Adorei. Visitarei você sempre. É muito gostoso ler o que você escreve, sem frescuras … Seus posts são maravilhosos e você, como sempre, de uma beleza rara… Obrigada por me permitir isto.
Oi, Gilda, o que você disse me deixou muito feliz, pois sempre foi essa a intenção, conseguir uma comunicação simples e efetiva com meu público, de uma forma bem próxima. Isso me faz ver que estou no caminho certo.
Que lindo!!! Meu sonho é conhecer as fazendas de café sinto uma saudade de um tempo que não vivi é algo que mexe muito comigo. São lugares belíssimos.
Eu adoro, Patricia, já fui várias vezes e sempre acho lindo. As fazendas para visitação são maravilhosas lá.