Críticas construtivas e Casa Cor
Tem algo de ruim em ser muito bonzinho:
Esse tipo de pessoa muitas vezes vira um alvo preferencial dos palpiteiros. Deve ser porque todo mundo se sente livre e seguro para opinar sobre os aspectos mais variados, sem o risco de ouvir algo de grosseiro em troca. E aí lá vem a chuva de críticas construtivas… ou não.
Grávidas, por exemplo. Grávida vira uma pessoa meio pública, todo mundo gosta de dar palpite. Tem gente que aborda a grávida, põe a mão na barriga, opina sobre o tamanho, o formato, só falta dizer que tem algo errado com a saúde do bebê. Esquece que a grávida normalmente já é um poço de ansiedade…
Não pense que depois que o bebê nasce, o povo alivia. Aí vêm as críticas sobre a amamentação, a educação, a alimentação. Quando o bebê chora na rua, é uma miríade de comentários.
– Mãe, ele está com fome; -Dá o peito pra ele.
Meu Deus. “Dá o peito pra ele”. Um homem desconhecido manda a pobre da mãe “dar o peito”. O que ele não imagina (é, os bebês têm dessas coisas) é que alguns não gostam de mamar em público. Sei lá por quê. Timidez, não gostam de plateia. E aí sai a mãe correndo, com o bebê se esgoelando de chorar no carrinho, até chegar em casa e ele poder ter a privacidade que exigia. E no caminho, homens, mulheres, vendedores ambulantes, guardas de trânsito:
– Coitado, mãe, ele está com fome.
No trabalho, no condomínio, no clube, todo mundo opina sobre tudo.
Mas o que tudo isso tem a ver com a Casa Cor?
Como você viu no post sobre a Casa Cor , estive com meu marido e filhos visitando a exposição de decoração, no Jóquei Club de São Paulo.
Num dos ambientes, meu filho foi olhar o livro de visitas e me mostrou um comentário escrito lá:
“Não gostei. Hamilton Jr.”
Como assim, Hamilton Jr.? Não gostou do quê, exatamente? O que o levou a uma crítica tão definitiva, tão devastadora, que não teve nem como alvo um detalhe, um revestimento, um piso, uma poltrona, uma cor de parede? O que abalou tanto assim o Hamilton Jr. para tirar-lhe o ânimo de prosseguir com uma explicação plausível para o “não gostei”? Por que tanto desprezo pelo ser humano que se esforçou para criar um ambiente, que aliás deve ser muito interessante, já que foi convidado a participar da principal mostra de decoração do país? Que motivação teve o sr. Hamilton Jr. para fazer uma crítica tão vazia, tão desprovida de sentido?
Pois bem, sr. Hamilton Jr.: como o senhor, inúmeras outras pessoas acham que detêm o poder da opinião soberana sobre os outros. Pensam que seu gosto pessoal é incontestável. Mas a crítica sem motivo, sem o intuito de orientar para o caminho certo, é palavra oca, que serve só para ferir. Se houvesse a intenção de ajudar, talvez o tal Hamilton Jr. procurasse o arquiteto com uma sugestão de mudança que fizesse a diferença na qualidade do trabalho. Quem sabe?
Meu filho mais novo ficou tão revoltado com a prepotência do tal Hamilton Jr., que deixou registrado no livro de visitas:
“Sr. Hamilton Jr.:
Eu não gostei foi do comentário do senhor. Como o sr. pode falar assim de um ambiente tão legal? Aliás, quero dizer ao arquiteto que fez o ambiente (um escritório), que eu gostaria muito de ter um dia um lugar tão bonito assim para trabalhar.
Ass., Marcelo.”
(11) 99795-9819 Carlos Monnerat - horário comercial
Carla parabéns pelo seu blog, sucesso , e vc é uma ótima modelo, parabéns
Esta foi a primeira de uma série, se vocês gostarem. Muito obrigada!
Esse tipo de consumismo vivenciamos em todo lugar. Ao ler, embrei- do meu noivado que quando noivei, a” sociedade” sugeriu que eu casasse. Quando casei, veio a máxima de que quem casa quer casa.Construímos.A mesma sugeriu filho.Tivemos e, não satisfeita, ouviasse o jargão ” Quem tem um, não tem nenhum”
Hahahahaha! É a mais pura verdade, Maurício!