York: um fim de semana encantador!
Palco de lutas, invasões, guerras religiosas: esta é York, no norte da Inglaterra.
Quem vê hoje a cidade calma e arborizada, com famílias passeando tranquilamente por suas ruas medievais, não imagina o que já se passou dentro dos muros de York. A história da cidade vem sendo contada por vários povos que ajudaram a formá-la. Da pequena aldeia celta à chegada dos romanos, seguida pelo domínio dos Anglos; da invasão dos vikings dinamarqueses à conquista normanda; da unificação da Inglaterra sob um único rei à guerra das Rosas; tudo que hoje é história, mas que à época dos acontecimentos significou mudanças profundas para os habitantes da região.
Primeiros de que se tem notícia: os romanos
Os primeiros invasores de que se tem notícia foram os romanos, que chegaram no início da era cristã, em 71 D.C. Vinham com uma legião para ocupar a antiga aldeia celta, e lá fundaram Eboracum, capital da Britania Inferior, então uma província do Império Romano. Eles permaneceram por cerca de 300 anos, até serem expulsos pelos Anglos, ou “bárbaros”, como eram chamados pelos romanos. E foi esta cidade fortificada, na confluência dos rios Ouse e Foss, que deu origem à atual York. As ruínas romanas são as edificações mais antigas que ainda permanecem.
Apesar de os vestígios romanos estarem por toda parte em York, eles representam menos de dois por cento do que foi construído. Muito ainda há por ser desvendado, mas escavações hoje em dia, como em todo ajuntamento urbano, são difíceis ou até impossíveis. Por isso, a ocupação romana ainda manterá ocultos muitos de seus segredos.
Anglos, arte e religião
Há pouco conhecimento também sobre o período dos Anglos, que ocuparam York depois da retirada dos romanos. No entanto, o que se sabe é que eles firmaram o domínio eclesiástico, foram responsáveis pela fundação da igreja que deu origem à Minster, a catedral de York, e foram pródigos em estudos e artes.
A vez dos Vikings
Em 866 D.C., vikings dinamarqueses invadiram a cidade, e a rebatizaram de Jórvík. Foi daí que surgiu o nome York, que passou a ser usado a partir do século XIII. Segundo historiadores, a fama de maus dos vikings foi injusta, pelo menos no caso de York. Eles se revelaram grandes artesãos, fazendeiros, comerciantes, artistas, engenheiros e construtores navais. Durante cem anos de dominação, os vikings trouxeram um tempo de grande prosperidade, e deixaram um importante legado.
A Guerra das Duas Rosas
Outro conflito diretamente relacionado com a cidade de York é a longa e sangrenta disputa pelo trono inglês, a partir de 1455, que foi travada entre duas dinastias de nobres: os York, cujo símbolo era uma rosa branca, e os Lancaster, que adotavam a rosa vermelha. As duas famílias guerrearam durante mais de 30 anos, até a vitória final de Henrique Tudor (pai de Henrique VIII), pelo lado Lancaster. Ele se tornou rei e uniu as duas casas, desposando Isabel de York, e pondo fim assim à disputa pelo poder. Por todo lado, em York, ainda é visível o símbolo da rosa, agora mesclada de vermelho e branco, representando a união das dinastias. No episódio mais triste da guerra, o irmão do falecido rei Eduardo IV, sedento de poder, teria provocado a morte dos dois pequenos príncipes, seus sobrinhos, que desapareceram enquanto estavam encarcerados na Torre de Londres em 1483. Ele então reinou com o nome de Ricardo III. Eu conto esse episódio triste aqui.
A religião no centro dos acontecimentos
York tem vários episódios relacionados à religião, principalmente cristã. Foi na cidade que o imperador Constantino foi coroado, logo após a morte do pai. E foi ele quem adotou o cristianismo e o disseminou por todo o Império Romano.
A enorme catedral de York, conhecida como Minster, é a maior igreja gótica da Europa do norte. Suas origens remontam ao século VII, quando foi construída a primeira igreja cristã no local. Esta, que hoje domina a paisagem e se impõe pela beleza da pedra cor de mel e de seus arcos ogivais, foi iniciada em 1220 e concluída no séc. XV, depois de 250 anos de construção.
Ruínas do maior hospital católico do norte da Inglaterra, o St. Leonard’s, e da Abadia de Sta. Maria, permanecem no local como um testemunho da intolerância que se seguiu à reforma anglicana promovida por Henrique VIII, quando rompeu com a Igreja Católica. Henrique VIII ordenou a destruição de ambos, proibiu as ordens religiosas católicas e obrigou toda a Inglaterra a seguir a nova religião, da qual se tornou chefe supremo.
The Shambles
Eleita em 2010 a rua mais pitoresca da Grã-Bretanha, a Shambles foi citada em registros históricos do século XI. Hoje, a rua medieval, considerada a mais preservada do mundo, ainda conta com prédios construídos no século XIV. Originalmente, era uma rua comercial de açougues e matadouros. O último fechou no fim do século XIX e hoje as lojinhas charmosas estão por toda parte.
Os prédios tortos, que parecem de desenho animado, tornam a rua uma das mais visitadas da Europa.
Não perca o vídeo que mostra um passeio de fim de semana em York. Você vai se apaixonar!
Fotos: Carlos Monnerat
Pesquisa História na Inglaterra (Historical Research): Gabriela Amorim
Fontes:
(11) 99795-9819 Carlos Monnerat - horário comercial
Que maravilha!!! Tudo lindo!!!
É um passeio surpreendente, Graça!