Como passei de mochileira a turista
Esta é a história de como passei de mochileira a turista.
Fomos, eu e minha irmã, criadas por pais bem aventureiros. Passamos a infância viajando e acampando por todo o Brasil. Fizemos duas vezes a viagem do Rio de Janeiro a Salvador, na Bahia, de carro, parando no caminho em cidades sem infraestrutura e com campings praticamente selvagens.
Mochileira
Quando eu tinha 19 anos e minha irmã, 17, fomos pela primeira vez à Europa, numa viagem daquelas inesquecíveis. Praticamente duas mochileiras, partimos levando apenas mil dólares cada uma em dinheiro para passar quase dois meses. O dinheiro era pra pagar tudo: hospedagem, comida, passeios. Compramos um daqueles guias que faziam sucesso na época, “Europa com 20 dólares por dia”, e fomos na maior aventura das nossas vidas até então. Meus pais compraram as passagens pela Lanchile, baratíssimas. Perguntaram à minha mãe se não tinha medo de mandar as filhas daquele jeito, num avião antiquíssimo, um Boeing 707. Ela respondeu: “Mas o piloto tem que trazer o avião desde Santiago, atravessar os Andes, esse é bom de braço.”
Aventura
Partimos com nossas mochilas às costas, a carteirinha de albergues de juventude, compramos um passe de trem de segunda classe para o período da viagem e fizemos um roteiro que incluía vários países: Itália, França, Áustria, Alemanha, Bélgica e Inglaterra.
Foi um marco na minha vida.
A partir daquela viagem, comecei a sonhar com novos horizontes, me dediquei (ainda mais) aos estudos, aprendi vários idiomas, para atender à minha nova prioridade: conhecer novas culturas, novas paisagens, comidas diferentes, enfim, viajar, viajar, viajar muito. Toda essa introdução é para que vocês conheçam um pouco a história da minha vida, para que saibam por que sou como sou. Nunca tive vontade de ter nada, casa de praia, de campo, barco, nada que me prenda. Na verdade, não queria nem mesmo ficar presa a um país só. Gostaria de ter uma vida cigana, um pouco em cada lugar.
Turista profissional?
Bom, não foi bem isso que aconteceu. Comecei a trabalhar, como já contei aqui no sobre mim. Acabei me fixando em São Paulo, tendo filhos e o resto vocês já sabem. Mas nunca deixei de ter aquela chama que me impulsiona a conhecer pessoas e lugares. Hoje, como jornalista, aqui no site, realizo um pouco do sonho de viver em trânsito.
Sobre raízes e asas
Quando fui morar na Europa, pouco depois daquela primeira viagem, meus pais ficaram preocupados, pensando que eu ia porque não gostava da minha família. E eu respondi: “pelo contrário, se eu não tivesse a certeza do amor de vocês, não conseguiria dar um passo na minha vida. Só me aventuro do outro lado do mundo porque vocês me deram a segurança de saber que, se tudo der errado, tenho para onde voltar.”
Ou seja, como diz o ditado, primeiro dê a seus filhos as raízes, depois as asas.
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