Para a amiga de toda a vida – Mônica Buriche

Minha melhor amiga me deixou hoje.

Sem suavidade, sem doçura, sem nada do que a gente espera de um corolário de uma vida plena.

Presa a fios e tubos.

Ela tinha 56 anos. E era linda.

Era cheia de alegria.

Tinha dois netos pra cuidar, uma filha para amar.

Muita vida pela frente para ser feliz.

Mas a morte tem outros planos.

Esta manhã eu acordei, angustiada, às 5:30.

Um passarinho cantava sem parar.

“Que estranho, esse passarinho. Parece que está preso.”

Lembrei de ontem, quando vi muitos passarinhos ao redor da minha casa, voando livres e brincando soltos.

Pensei em nós, duas meninas, jovens amigas, e no tanto que nos divertimos juntas.

Você me deixa as minhas melhores lembranças.

Duas almas irmãs, tão diferentes e ao mesmo tempo tão unidas.

E livres. Como você está agora.

Voa, Moniquinha!

(Um dia estaremos juntas de novo,

voando e brincando no nosso Céu dos passarinhos).

Mônica dos Reis Buriche, *1964 – +2020